O bambu chinês e o tempo
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Se tem uma constatação que podemos fazer sem medo de errar sobre nossos dias atuais, é que há muita pressa, muita urgência. Queremos para ontem nossas conquistas. Não temos paciência com as partidas e chegadas. As salas de terapias vão sendo preenchidas por indivíduos ansiosos com o seu suposto fracasso, pois as coisas parecem não acontecer. Afinal, a “grama do vizinho” está crescendo mais… e em menos tempo!
Perdemos o sentido do tempo. Aquele a que acreditamos controlar. Se não conseguimos nossos objetivos em “x tempo”, não deu certo, tivemos azar, o outro se deu melhor, e por aí vai… tempo virou sinônimo de valorização. Na verdade, tempo virou sinônimo de “vida”: se não aconteceu, é porque estamos fadados ao declínio.
Porém, o que o tempo mais resguarda é sua sabedoria, a qual ele destina a poucos que realmente estão dispostos a compreendê-lo. Novamente, ouso a me utilizar de uma grande simbologia da Natureza: o bambu chinês. Durante seus primeiros anos, ele se empenha a fixar bem suas raízes no solo, profundamente, em direção ao coração da mãe Terra. Aparentemente, na superfície, parece não estar acontecendo nada. Porém, somente com sua base firme e sólida, segura no solo, ele cresce em direção aos céus, com sua envergadura majestosa. O que parecia inatividade era seu processo de amadurecimento para a vida a qual foi incumbido.
Cada vez mais precisaremos trabalhar a nossa consciência do tempo, pois imediatismo não caberá mais em um universo que ruma ao que é sólido, verdadeiro, útil, estruturado, maduro (ciclo de Saturno). Tudo que for construído com o ímpeto de “acontecer logo”, não vai perdurar. Por isso, acalmemos nossos corações. O ano de Marte nos convidará a refletir sobre nossas batalhas. Acima de tudo, que o mais importante não é a conquista, a vitória ou a derrota, e sim o trajeto que fizemos até lá, a energia que empregamos, os propósitos que abraçamos e os grandes aprendizados que temos a cada passo do caminho.
Fixe suas raízes, tenha urgência em se conhecer, em descobrir a sua força e, assim como o bambu, compreenda que há momento certo para cada processo de crescimento.
