Todos nós, em algum momento da vida, já ouvimos ou dissemos a frase: “errar é humano”. Frase dita sempre com o intuito de dirimir o sofrimento daqueles que estão se punindo por algum erro. E mesmo ouvindo ou falando diversas vezes essa frase, parece que ela não é absorvida e vivenciada na prática, parece que é apenas um ato mecânico.Pois deveríamos refletir mais profundamente sobre o erro. Deveríamos realmente internalizar esse conselho de que errar é algo normal e encarar com mais naturalidade nossos atos equívocos. Deveríamos encarar o erro como ele realmente deve ser encarado. O erro é um instrumento pedagógico. Uma bússola para nos mostrar qual caminho devemos e qual não devemos seguir. Se somos espíritos em evolução aqui na Terra e descemos para aprender, para nos aperfeiçoarmos, para corrigirmos nossos atos do passado, de que maneira saberemos o que é certo ou não é? De que maneira saberemos o que é adequado ou não para nós, para a nossa vida? De que maneira saberemos no que somos bons ou não? Pelos erros (ainda)!Pelo nosso grau evolutivo, ainda precisamos do erro, tal qual ainda precisamos da doença e do sofrimento, como pedagogia de crescimento. E por que nos punimos tanto quando erramos? Por que não admitimos que possamos ser falhos e errar? Por que não enxergamos o erro como ele deve ser enxergado: como algo natural, que faz parte de nosso universo de espíritos em evolução? E, pior ainda, se mal toleramos nossos erros, o que dirá dos outros?Conforme uma orientação de um Mestre em uma regressão: “quem quer provar algo a alguém é o ego, o espírito sabe que basta apenas tentar”. Tentar uma vez, tentar hoje, se não der, se erramos, teremos amanhã para tentar. E se não tivermos o amanhã, o importante é ter tido consciência da correção oportunizada pelo erro.O erro ainda é muito importante em nossa jornada, assim como o karma, outra questão que interpretamos de forma equivocada. O karma não é algo ruim, algo que um Deus inquisidor utiliza para nos punir, para se vingar. Muito pelo contrário, o karma é ação, isto é, democraticamente é o fruto daquilo que nós mesmos plantamos, a reação consequente do que nós mesmos tomamos como ação. O karma é uma lei do universo essencial para que possamos saber onde estamos errando. Portanto, um é ligado com o outro.O karma é a misericórdia de Deus em ação. A Deusa egípcia do Karma, Sekhmet, é também a Deusa da Misericórdia e, então, refletindo sobre ela, que tem esses títulos, os quais em nada foram definidos aleatoriamente, há milhares de anos: imaginem se nunca fôssemos alertados do caminho equivocado que estamos tomando? Imaginem se cometêssemos erros que contrariam as leis do universo, se agíssemos sem o mínimo de reflexão e consciência, e não fôssemos “avisados” disso? Que caos que seria! Sekhmet é simbolizada por uma leoa, isto é, a representação da firmeza e da bravura em mostrar a correção dos atos falhos, mas também uma representação amorosa e misericordiosa da proteção de seus filhos. O karma é o alerta dos atos equivocados como proteção, de modo a termos chance de corrigir o caminho. É misericordioso, pois é o universo intercedendo para nosso próprio bem. Ou seja, ao cometermos erros, o karma é a prova de que estamos amparados e não o contrário disso. O erro não é algo feio e vergonhoso, é um ato de amor para que, como eternos aprendizes, possamos aprender e nos aperfeiçoar. O erro dói? Bom, pensando por esse lado, como saberíamos, por exemplo, qual dente está com problema se ele não doesse? O erro e a dor estão, novamente, interligados.Se o erro é uma prova do amor de Deus em nossas vidas, então errar não é humano. Errar é divino. É nossa divindade em expressão, como espíritos que estão aqui para evoluir, para aprender, para se aperfeiçoar e chegar mais próximo a Ele, que disponibilizou um pedaço da Sua centelha para cada um de nós. Porém, sempre com responsabilidade. Não é por que devemos encarar os erros de forma mais natural que devemos ter a inconsequência de não aprendermos com eles e continuarmos cometendo sempre os mesmos deslizes. Conforme a filosofia budista: erre sempre um erro diferente. Ou seja, errar é importante, mas, ao aprendermos com o erro e identificarmos o que precisamos fazer, é nossa responsabilidade seguir no caminho e na forma que foram apontados. Portanto, sejamos mais leves com nossos atos equívocos. Sejamos mais leves com nossas falhas. Ninguém é perfeito! Estamos todos aqui com o mesmo propósito: aprender, evoluir e viver o Amor e a Felicidade de Deus.Amar os erros e encará-los de forma responsável e madura nos coloca em um caminho de humildade e de expressão da nossa divindade enquanto humanos, isto é, nossa capacidade de raciocinar, refletir e ter consciência. Quando passamos a exercer o amor para nós mesmos, a entender a importância de amar os nossos erros e as nossas falhas, pois fazem parte da nossa natureza, agiremos assim para com os outros também, tornando-nos mais solidários e tolerantes com nossos irmãos, estabelecendo a harmonia que tanto almejamos.Só damos aquilo que temos em nós, portanto, quem não admite erros e falhas, quem reluta em enxergar com maturidade os próprios processos de aprendizagem, também não será assim com o outro. E aí seremos pessoas endurecidas, amarguradas, inflexíveis e intransigentes, pois olhar para dentro é um ato de consciência e quem não é capaz de olhar para si com olhos amorosos, não será capaz de fazer o mesmo para com o outro. Gerando, assim, uma infelicidade decorrente de uma desconexão universal e fraternal. Estimule momentos de conexão com o universo, sentindo suas leis naturais em ação. Estimule momentos de conexão consigo mesmo, sentindo a sua divindade interior, a sua realidade de espírito aprendiz, e passe a amar tudo que lhe compõe, inclusive seus erros. Faça uma retrospectiva de tudo que já viveu até agora e entenderá o que estou falando: é possível admitir que se não fossem por eles, os erros, não estaríamos onde estamos hoje e, principalmente, não seríamos quem nós somos.Na filosofia aprendemos que qualquer coisa pode ser ensinada com dois elementos básicos e importantes: amor e paciência. Portanto, aja com amor e paciência consigo mesmo, com o seu processo de aprendizagem e evolução que é somente seu. Erre, aprenda, corrija-se… mas, acima de tudo, ame-se!