“Conhece-te a ti mesmo”. Sócrates, entre 399 a 470 a.C., já nos indicava o caminho. Este brilhante e singular filósofo pregava a exploração do mundo interior, acreditando que o homem não seria feliz se não se voltasse, reflexivamente, para si mesmo.
Conforme no
texto anterior aqui do blog, prometi que escreveria sobre Reforma Íntima, pois é a principal abordagem com a qual a Psicoterapia Reencarnacionista trabalha. Sem Reforma Íntima, não há mudança, não há melhoria de vida, não há solução dos problemas, não há cura das doenças… pois simplesmente o mundo externo reflete o mundo interno.
Mas o que é a Reforma Íntima e por que ela não está presente no nosso dia a dia?
Reforma Íntima, como o nome indica, é a reforma de si mesmo, do nosso interior. Reforma Íntima predispõe uma viagem ao centro do nosso Ser, adentrando sentimentos e emoções que estão malcuidados, escanteados, deixados para “depois”. Reforma Íntima é um despertar, lento, da própria consciência, proporcionando o alargamento do entendimento de que somos um Ser composto de corpos físico, emocional, mental e espiritual.
Reforma Íntima é olhar para dentro, é se tornar expectador das próprias fragilidades, descobrindo dentre elas nossas inúmeras potencialidades. Reforma Íntima é tomar de assalto a autoestima, o amor próprio, estimulando, acima de tudo, o bem querer, o “auto” bem querer. Reforma Íntima, na sua forma mais destacada, é assumir a responsabilidade por tudo que acontece em nossa vida, parando de procurar mocinhos ou vilões, parando de jogar a culpa em “Deus e todo mundo”, compreendendo que somente cabe a nós mesmos a mudança de vida, a solução dos problemas, a busca pela paz e pela felicidade.
A Reforma Íntima, por não ser um processo fácil, é adiada muitas vezes por tempo indeterminado. Fazendo analogia a reforma de uma casa: reforma sempre é barulhenta, faz sujeira, muita bagunça, causa stress, preocupação, corrida contra o tempo. Porém, após o período da reforma, no momento em que o projeto fica pronto, que a casa está renovada, vem aquele sentimento de “valeu a pena”. A gente suspira, admira, e percebe o quanto ficou muito melhor e que cada tormento durante o período compensou, pois não tem preço vivermos em meio à beleza, à organização, ao conforto.
E é exatamente assim uma Reforma Íntima. Ela bagunça, sim. Ela causa stress, muito stress, pois não é fácil nos confrontarmos com nossos problemas, com nossas fragilidades, com nossos “defeitos”. Durante a Reforma Íntima, pensamos em desistir inúmeras vezes, afinal era mais fácil quando jogávamos a culpa no fulano ou no beltrano pela maneira como nos sentíamos. Mas enquanto a “obra” vai tomando forma, cantos floridos e iluminados vão surgindo. E descobrimos que havia um mundo não explorado ali, o mundo do autoconhecimento. Este, sim, não tem preço.
O autoconhecimento nos proporciona a consciência da efemeridade da vida. O autoconhecimento proporciona leveza na maneira de encarar o mundo. Então, de repente, ser feliz passa a ser tão simples. De repente a paz que eu tanto almejava estava o tempo todo dentro de mim e eu não havia percebido.
De repente, não tenho mais medo da solidão pois a minha própria companhia me basta. De repente, os momentos que divido com alguém se tornam mais ricos, pois o autoconhecimento me proporcionou aceitar e compreender mais as pessoas que me rodeiam.
De repente, cada conversa ou cada situação trazem de presente um grande aprendizado, pois agora entendo que a vida é uma escola e que eu aprendo todos os dias, o tempo inteiro. E de repente, eu aprendo que quanto mais eu aprendo, mais eu tenho a aprender, e assim faço brotar em mim a humildade, a paciência, a calma e a alegria de viver um dia após o outro.
De repente, percebo que sonhos são pequenas demonstrações que Deus dá da sua presença em minha vida, e que percorrê-los se torna uma das coisas mais gratificantes que vou experimentar, pois ali percebo minha força, minha garra, e o entendimento que só cabe a mim transformar a minha vida naquilo que eu realmente almejo. Então, de repente, percebo que não existem milagres e, sim, a recompensa, o merecimento, de tudo o que eu planto a cada segundo da minha existência.
De repente eu aceito a tristeza, quando ela se aproxima, pois sei que ela não faz parte de quem eu sou, da minha essência, pois eu decidi, ao me conhecer, ser uma pessoa melhor, uma pessoa que aproveita o melhor da vida, sem irreais expectativas. Quando ela aparece, não a transformo em algo muito maior do que realmente é, apenas tento entender o que ela está fazendo ali e o que eu posso fazer para ela ir embora.
Então, de repente, aqueles momentos conturbados e bagunçados com os quais eu me confrontei com o pior lado de mim mesma fizeram brotar em mim o amor, a compaixão, a aceitação de que sim sou uma pessoa imperfeita, em busca de evolução. E aí, não mais que de repente, sinto brotar dentro do meu peito, em uma vibração gostosa que parece querer extravasar, um sentimento que tem um nome tão lindo, tão lindo, que só pode ser divino: a gratidão.
O privilégio da vida é tornar-se quem você realmente é. (Carl Jung)
Então, de repente, sou grata a tudo que me rodeia. Por respirar, por ter a oportunidade de errar e aprender, e de cair e levantar novamente. Sou grata pela vida que Deus me deu, entendendo que é a melhor vida que eu poderia ter para mim mesma, de acordo com os meus débitos e créditos do passado.
Sou grata pela cama confortável, pelo banho quentinho, pela comida que aconchega. Sou grata por conseguir sentir o amor e a felicidade nas pequenas coisas do meu dia a dia, como nos romrons e nos miaus dos meus gatinhos.
Sou grata pelos olhos que enxergam as belezas da Natureza, pelos ouvidos que escutam lindas músicas que acalentam a alma, pelo toque de sentir o abraço da pessoa amada, pelo olfato que experimenta os mais sublimes aromas que o Universo pode criar, pelo paladar que sente os sabores da vida.
E então, de repente, sou grata por sentir a gratidão, entendendo que não é um processo fácil, que minha natureza egóica não foi programada para dar atenção a tudo que já possuo e, sim, a buscar sempre mais daquilo que ainda não tenho.
Portanto, retomando, a Reforma Íntima, quando levada a sério, nos traz de volta ao que existe de mais autêntico em nosso Ser. Não é fácil, exige disciplina, coragem, empenho, trabalho, reflexão, estudo. Mas vale a pena. Vale muito a pena! Vale cada segundo, cada minuto, cada suor, cada lágrima. A Reforma Íntima proporciona algo que jamais alguém poderá tirar de você: a paz e a felicidade de pertencer a si mesmo.
Como conseguir tudo isso? Com ajuda! Sempre costumo dizer que todos nós precisamos de ajuda. Não viemos para esta vida para passar tudo sozinhos. É bonito, é humilde, é autêntico pedir ajuda. Portanto, expanda sua perspectiva, busque ajuda! Nos dias de hoje temos tantas alternativas, e não somente as que exigem muitos custos. Basta querer!
Desperte para a vida 😉