Há alguns meses escrevi um texto sobre o que podemos aprender com os gatos. Tenho 3 filhos felinos e, devido a minha paixão por eles e por ter vivido grandes transformações que eles me proporcionaram, nem que seja simplesmente por observá-los, quis abordar o tema.
Uma questão que não é mais segredo pra ninguém é o quanto os animais de estimação passaram de simples “bichos” para membros da família. Nos abrimos à convivência com esses queridos seres, que nos dão infinitas demonstrações de amor, companheirismo, lealdade e empatia. E, com isso, fomos aprendendo, fomos nos modificando, fomos aflorando sensibilidade, reflexão, carinho, calma. A presença de um animal em nossas vidas é, de fato, terapêutica e não há quem possa discordar, aposto.
Sendo assim, não somente podemos aprender muito com os gatos, mas também com os cães e é claro que eu iria dedicar um texto para eles também. Esses seres tão amáveis, com uma bondade imensurável no coração, que nos ensinam muito.
Enquanto o gato auxilia a transmutar energias nocivas e densas dos ambientes e das pessoas, o cão, por ser um espírito infantil e “amigão”, tem a responsabilidade de detectar onde as energias estão boas. Isto é, os cães sempre estarão onde a energia estiver elevada e positiva. Quando o cão começar a apresentar um comportamento estranho em um determinado local, começar a latir para as paredes ou para o “vazio”, é hora de providenciar uma limpeza energética.
Isso acontece, também, quando pessoas chegam a casa e o cão começa a latir e apresenta um comportamento repulsivo com ela. Da mesma maneira, esta pessoa pode estar carregando consigo energias nocivas. Trocando em miúdos, no mundo espiritual e energético, o gato é nosso protetor e o cão é nosso amigo, afinal, como dizem: “quem avisa amigo é” não é?
O cão possui uma alma bela que transparece inocência e bondade e acredito que eles representam de forma verdadeira o significado de amizade. Acariciar um cão e aceitar a sua demonstração de afetividade funciona como um descarrego de estresse e energias negativas (por isso, a importância de cuidarmos dos nossos animais também espiritual e energeticamente).
Com todas as coisas maravilhosas, nada mais justo do que dedicar um texto a eles também. Como não tenho convivência com cães e queria falar de forma legítima sobre eles, e não somente fazer uma pesquisa no Google, convoquei uma grande amiga que possui 2 filhos da raça Pug e tem um amor imenso aos cães. Portanto, a Janine Bertuol assina a co-autoria desse texto 😉
Segundo ela, enquanto lia o livro A divindade dos cães – histórias de milagres inspiradas pelo melhor amigo do homem, de Jennifer Skiff: “descobri que cachorro que hebraico se chama “Kel-lev” e significa “cheio de coração”. Quem tem um cachorro compreende facilmente o significado da tradução. Eu posso dizer que a escolha de viver com cachorros mudou a minha vida, não somente implicando em uma grande responsabilidade, mas em uma fonte inesgotável de bem-estar, amor e autoconhecimento”.
“Os cachorros vivem o momento presente, não arrastam o passado consigo aonde vão. Meus cães vivem intensamente cada dia da vida deles. Comem como se fosse a (primeira e) última refeição, correm atrás de qualquer coisa como se não houvesse amanhã. Quando estamos passeando não importa onde estamos indo, o fato de estarem passando o tempo ao meu lado é o que faz eles felizes. Ao observar meus cachorros percebo que tudo o que se refere a viver o momento é uma evolução espiritual.”
É fato que a esmagadora maioria dos males que assola a humanidade está em não sabermos viver o presente, uma vez que depressão é estarmos presos ao passado e ansiedade é vivermos no futuro. Afinal, só existe uma certeza na vida e esta é que o momento atual é o que temos de concreto. Caso contrário não se chamaria presente. Vivermos o momento, aproveitarmos o hoje, agradecermos pela bênção de estarmos vivo aqui e agora. Senão, a vida passará e mal a teremos vivido.
“Aprendi muito sobre as limitações e doenças, e como estas aparentes “desgraças” podem ser uma bênção no sentido de aprendizagem, autoconhecimento, paciência e gratidão. Minha cadelinha desde jovem apresentou muitos problemas de saúde, entre eles, crises de epilepsia. Foram muitas idas à veterinária, sustos e cuidados constantes que se estenderão até o fim da vida dela. Nunca se passou pela minha cabeça desistir da minha companheira! Problemas de saúde acontecem e trazem consigo um desafio que poucos enxergam: paciência e resiliência”
Devido às nossas cargas emocionais e mentais que descarregamos em nosso ser, milhares de pessoas passam por doenças. Porém, a maneira de lidar com a doença dependerá de como iremos enxergá-la. Não existem doenças e, sim, doentes, pois ao primeiro sinal de um mal estar em nossa vida já deixamos nos abater e nos tornamos vítimas. A doença nós mesmos criamos, portanto, devemos encará-la com maturidade e tirar dela o maior proveito possível em questão de aprendizados.
“Passei por crises silenciosas e momentos difíceis e foi o olhar afável dos meus cachorros que me motivou a continuar. Meus cachorros me ensinam que quando a vida parece difícil ou a carga maior do que eu posso suportar, basta respirar, perseverar e não se abater. Assim, eu sei que sempre que minha mente se ofusca com preocupações ou lamúrias insignificantes, só preciso lembrar das atitudes e da tranquilidade dos meus cães e redirecionar meus passos de volta ao caminho.”
É muito comum nos entregarmos ao desespero quando algo não vai bem. Na grande maioria das vezes, o problema não é o problema e sim a maneira com que encaramos este problema. Com isso, brigamos com Deus, não alimentamos a nossa fé de acreditar que simplesmente as coisas darão certo no final. Afinal, conforme um ditado: “depois da tempestade sempre vem a bonança”.
“Os cães têm a incrível capacidade de ler nossas emoções. Meus cachorros não compreendem o significado das palavras. Eles podem não compreender o que estou dizendo, mas conhecem meu estado emocional. Assim, também descobri que algumas coisas não precisam ser ditas, somente sentidas. Como a paz que eu sinto em escutar a respiração (ofegante de braquicefálicos) deles ou plenitude que sentimos ao ficarmos perto um do outro.”
Com os problemas do dia a dia, não paramos para sentir. Apenas sentir. Pensamos, nos exercitamos, lemos, estudamos, cuidamos da alimentação. Mas não damos vazão ao parar e sentir as bênçãos que nos rodeiam. E ao poucos vamos perdendo a sensibilidade para com a vida, para com as pessoas. Estejamos mais sensíveis e compreensíveis com nossas inferioridades, com nossas lutas – nossas e de nossos irmãos terrenos – e, no lugar do desespero e estresse, que possamos dar passagem à compaixão em nossos corações.
“Sempre cultivei certa espiritualidade, mas antes dos meus cachorros eu dificilmente conseguia entender algo além da dimensão humana. É aí que os cães têm a habilidade de abrir portas que os outros não conseguem. Ao me dedicar aos cuidados de um pequeno serzinho, percebi que ele era uma criação divina, uma extensão de Deus. O olhar dele me transmitia um amor universal e abrangente, era como se compartilhássemos a mesma alma. Percebi que meu cachorro era a coisa mais próxima do céu que eu poderia conhecer.”
Será que a vida é tão insignificante a ponto de estarmos aqui somente para crescer, trabalhar e morrer? Há algo além que escapa de nossos racionalismos, mas nossos sentidos captam e é só estar mais atento, buscar a tranquilidade e ser grato pelo dom da vida. Além disso, entender que nós, humanos, não somos os donos desta terra. Estamos aqui dividindo-a, buscando a liberdade e a alegria como qualquer outro ser, portanto, jamais devemos esquecer de nossos irmãos, sejam eles da espécie que for.
Conviver com um cão é entender tudo isso e muito mais. Estando com o coração aberto, com humildade e amorosidade, nossa vida terá cores e aromas que somente a presença de um bichinho é capaz de proporcionar… pode acreditar 😉