É, no mínimo, intrigante como há milhões e milhões de pessoas atualmente que sofrem de doenças como a ansiedade e a depressão. A cada dia, novas drogas são lançadas na indústria farmacêutica a preço de banana, surgindo como tentadoras promessas de acabar com o sofrimento ao engolir de um comprimido. Se fosse tão fácil assim, eu não teria iniciado esse parágrafo como iniciei.
Se pararmos por poucos minutos, olhando a nossa volta – ou até mesmo digitalmente, olhando nas redes sociais – é palpável o quanto as pessoas transparecem a sua tristeza interna… quanto mais subterfúgios as pessoas criam para mascarar as suas faltas do interior, mais elas mesmas criam o seu próprio prejuízo, isto é, mais se afundam em sua própria tristeza. Sem contar as pessoas que apostam na demonstração de sua tristeza e amargura como um fator para chamar a atenção (carência).
Quando analisamos sob uma ótica racional e materialista, geralmente dizemos: “por que a fulana não é feliz? Ela tem tudo, tem casa, carro do ano, um marido, um bom emprego… por que ela está sempre reclamando e demonstrando a sua amargura?” Mudando a ótica de analisar a situação – e esse é o objetivo deste texto – a reposta é muito simples: a felicidade não é medida por quantitativos materiais… não é medida pelo que está no exterior.
O erro é justamente esse: acreditar que a felicidade vem em embalagens, no carro do ano, na casa mais chamativa, na bolsa mais cara, no terno italiano. A maior ilusão é apostar a estimada felicidade em bens materiais… essa é a mais pura e simples verdade! A felicidade não está nas coisas, quiçá nas pessoas.
Você não vai ser mais feliz quando finalmente comprar aquele cobiçado carro. Você não será mais feliz quando trocar de emprego e se livrar daquele chefe mala. Você não será mais feliz quando andar bem vestida, com roupas de grifes e bolsas caríssimas. Você não será mais feliz se somente andar com os ternos mais bem feitos da cidade. Você não será mais feliz quando finalmente ficar rico. Você não será mais feliz quando fizer a tão sonhada viagem à Europa.
Enfim, eu poderia ficar escrevendo frases semelhantes por horas… e aí você pode perguntar: “Juliana, você está louca? Mas é claro que quando eu finalmente trocar de emprego vou ser mais feliz, eu detesto meus colegas e chefes… Juliana, quer virar elfo e viver no mundo das fadas? Mas é claro que quando eu ficar rica eu finalmente serei feliz!” E assim por diante…
Claro que não sou hipócrita a ponto de achar que todas essas situações que citei e milhares mais não trazem felicidade. É claro que trazem e fazem a vida valer mais a pena! Porém, se no seu interior você estiver com tudo resolvido. Essa é a questão onde quero chegar… se você não estiver bem consigo mesmo dentro de si, com suas emoções e sentimentos equilibrados e conscientes, os bens e as conquistas materiais serão meros passatempos e doses de felicidade efêmera… que quando passam, deixam um vazio tão sufocante que só será preenchido na próxima compra. E, assim, origina-se uma bola de neve… e os consultórios de psiquiatras lotam e a indústria farmacêutica bate recordes com seus antidepressivos e ansiolíticos.
Por mais piegas que isso possa parecer, a verdadeira felicidade, aquela que todos buscam incondicionalmente – embora muitos possam relutar em acreditar que ela realmente seja possível – só existe dentro da gente. E como encontrá-la? Por muitas, muitas maneiras, sendo que a maioria está em pequenos e simples passos. Cito alguns:
– Cuidando de si mesmo, estimulando o amor próprio e a auto estima (esse é o principal, pois muitos outros são meras consequências disso).
– Eliminando tudo que faz mal, como relacionamentos e situações que te põem pra baixo. Não precisamos suportar o que não nos agrada por mais tempo do que seria necessário.
– Encarando a vida sob uma perspectiva mais positiva e entendendo que ninguém é responsável ou culpado pelo modo como você se sente. A felicidade está em não ficar procurando mocinhos ou vilões, encarnando um papel de “coitadismo” perante tudo e todos. Acima de tudo, é preciso assumir a responsabilidade por tudo que acontece na sua vida, pois tudo que temos ao nosso redor nós mesmos atraímos e fomos responsáveis, portanto, não há culpados.
– Cuidando dos sentimentos, emoções e pensamentos, não deixando que eles tomem proporções muito maiores do que o necessário. Identifique o que você está sentindo, busque entender por que e assuma uma postura de “o que posso fazer para mudar isso?”… e então as respostas chegarão.
Muitas vezes, não iremos encontrar soluções para mudar uma situação, pois talvez não tenhamos autonomia para tal, mas o que podemos fazer é mudar a nossa atitude perante isso. Por exemplo: quando uma pessoa é demitida do emprego, geralmente fica indignada, perdendo muita energia encontrando culpados pelo o que ocorreu. Será mesmo que a culpa foi só do outro? Nesse momento, pouparia muito sofrimento e traria muito benefício próprio se se parasse para analisar questões como: o que eu posso ter feito que ocasionei ou atraí isso? O que essa situação pode me trazer de aprendizados? Como devo me portar da próxima vez para que isso não ocorra novamente? Questionamentos simples, mas que muitas pessoas não fazem por medo de adentrar no seu interior, porque é lá que se encontram todas as respostas.
– Não se lamentar pelo passado nem sofrer pelo futuro (muito comum nos ensinamentos budistas), pois somente o hoje é que existe… por isso ele se chama ‘presente’. Viva o hoje e, principalmente, tenha confiança e fé que sempre o melhor acontecerá para você… o melhor para você evoluir, conforme a sua necessidade e merecimento.
– Procurar sempre ter um momento somente seu, sem medo da “solidão”, sem medo de escutar tudo o que ecoa lá dentro do seu coração. Silencie a mente e aquiete o coração… e permita-se simplesmente ser… ser quem você é. E permita-se fazer planos, sonhos, querer mudar e alcançar a vida que você realmente deseja! O ‘querer’ já é 50% do caminho para atrair mudanças em sua vida.
“Quando desperta nem que seja um pequeno grão de inteligência, tudo o que você quer é romper com a ilusão e com o sofrimento; tudo o que você quer é conquistar a si mesmo – tornar-se senhor de si mesmo. Através desse pequeno grão de inteligência, você descobre que é um grande desperdício de energia e de tempo tentar conquistar o mundo lá fora. Porque se o externo é um reflexo do interno, ao conquistar a si mesmo, você conquista o mundo.” Sri Prem Baba
E, acima de tudo, não caia na ilusão de que a tristeza não existe, pois é claro que ela existe! Porém, a tristeza é passageira e reflexo de algo que não está indo bem em nossa vida – seja em algo que não está bem dentro da gente ou até mesmo durante momentos difíceis que temos que passar (muitas vezes, a tristeza vem em não sabermos justamente encarar esses momentos). A felicidade, sim, é um estado de espírito e uma condição elevada e possível de ser alcançada por qualquer um. Portanto, permita que a tristeza chegue. Não tenha medo dela e não tente mascará-la com auxílios externos e artificiais/químicos. Compreenda-a, saiba por que ela está ali. Aprenda com ela e deixe que ela siga o seu caminho, para que você possa seguir o seu.
É fácil? Não. É difícil? Depende do ponto de vista.
Com certeza, também, eu seria hipócrita em dizer que percorrer tudo isso é simples e fácil. Como em tudo na vida, alcançar a verdadeira felicidade – de acordo com as concepções de cada um – exige disciplina e força de vontade. Não é sentando e cruzando os braços que ela aparece. É preciso trabalho, dedicação, raciocínio, estratégias, abdicar de muitas coisas e situações, e muito mais. Mas, não é impossível! E dando um passo de cada vez, aos poucos, a vida começa a se transformar e a felicidade surge como algo natural, quase que imperceptível.
E aí sim, haverá felicidade e prazer em comprar aquela casa tão sonhada, o carro mais bonito do ano, a bolsa mais elegante, o sapato mais caro, fazer aquele cruzeiro chique. Pois a semente da felicidade germina a terra da prosperidade e ela, sim, permite com que sejamos realmente felizes com tudo que adquirimos.
Falando em prosperidade… essa é outra questão vista de forma muito equivocada pela maioria das pessoas. Mas esse será assunto para um próximo post…
Experimente sorrir internamente, ser grato por tudo que tem e ter paciência e sabedoria para aguardar o tempo certo de ter o que você quer. E não encare a felicidade como um “bicho de 7 cabeças” ou como um “conto de fadas”, que só existe na ficção. A felicidade e tudo mais que você desejar existe sim… é só e unicamente querer.
(Obs: de maneira nenhuma esse texto pretende esgotar o tema. A felicidade é atemporal e infinita, podendo ser abordada de diversas maneiras, com mil possibilidades de informações e devaneios…)